sábado, 25 de julho de 2009

Palestras


Mantendo a tradição dos eventos anteriores, o III Congresso Nacional de Filosofia e Humanidade prima pela diversidade reflexiva, permitindo aos participantes o contato com especialistas de diversas áreas do conhecimento humano. Tal característica permite um debate filosófico autêntico, pois disponibiliza diversos pontos de vista, diferentes modos de compreender e vislumbrar o tema proposto. As palestras ainda não foram totalmente definidas. Eis algumas das principais:

Em torno de uma discussão medieval: a visibilidade de Deus
Prof. Dr. José Maurílio de Oliveira Camello

Se nesta vida podemos ver a essência de Deus é o tema de uma discussão exposta por Tomás de Aquino numa de suas Questões Discutidas sobre a Verdade. O contexto acadêmico-medieval da discussão conduz ao exame de alguns pontos da epistemologia tomasiana, entre os quais o da intuição intelectual das essências.

Vivências do humano e a percepção do sagrado
Prof. Dr. Pe. Marcial Maçaneiro

Abordará a questão das vivências originárias - “sujeito, itinerância, sentido” -, com seus alcances éticos, simbólicos, cronológicos. Hierofanias, memória, expressões do sagrado.

Errância e discurso acercado do Transcendente em Santo Agostinho
Prof. Ms. Marcelo Andrade Pereira

Trata-se de uma investigação sobre a condição do falar humano acerca de Deus (Transcendente) no pensamento de santo Agostinho. O paradoxo é posto da seguinte maneira: de Deus, a rigor, o homem não pode falar; mas, precisa. Como, então, falar de Deus sem reduzi-lo ao limite do discurso humano?

Sagrado e Profano: beirais do abismo chamado humano
Prof. Carlos Eduardo de Siqueira

Sagrado e Profano constituem esferas independentes, dotadas de densidades ontológicas específicas ou constituem véus por detrás dos quais se encontra o próprio humano, realidade exclusiva e imamente, precária e absurda, engenhosa e pasma, mãos ocultas que, assim como Penélope, tece e desfia os enigmas e sentidos sobre os quais se debruça?

A revanche do Sagrado
Prof. Alex Rodolfo Carneiro

Após o desgaste das grandes narrativas, o encrudelecimento da visão niilista e a difusão da banalização da violência, a mística volta a provocar fascínio. O apelo da transcendência ecoa e movimenta corações e mentes desgastados pela lógica da eficiência e da indiferença. Esta nova sedução do sagrado traz a tona grandes nomes da mística que fizeram história na tradição filosófica e religiosa. Trata-se do estudo comparado de personalidades controvertidas e muitas vezes perseguidas, pois sua experiência radical de estupefação e maravilhamento diante do mistério aturdem a oficialidade religiosa. Nessa jornada radicalizada por uma linguagem pontuada de alusões, metáforas e parábolas, na ânsia de traduzir o intraduzível, revela-se uma nova face do sagrado, o que poderíamos sintetizar como a Revanche do Sagrado.

Harmoniosas profanações musicais! O que o ouvido sente a mente transpira!
Prof. Victor Hugo Barbi

Experimentar e deixar que a experiência musical provoque em nós sentimentos. Pensar a musica historicamente, vivenciar como as melodias causam em nós paisagens e contornos e nos provocam! Conduzir uma discussão acirrada e metódica entre o mundo grego e a idade “contemporânea”. Degustar e apreciar as considerações que podemos e devemos ter a partir das experiências e reflexões, para enfim permitir novas visões entre o profano e o sagrado na música.

O Feminino no Brasil e suas implicações na contemporaneidade
Psic. Ms. Patrícia Cres Napoleone

Retomar nossa cultura e principalmente nossos mitos femininos de maneira que nos lembremos de nossa condição índio-negro-europeu de forma a nos tornarmos mais inteiros, enquanto indivíduos, enquanto Nação: eis o fio condutor desta colocação. Olhando para esse universo simbólico, vindos em forma de mitos e lembrando da importância destes para uma cultura, conforme ressalta o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) observa-se o quanto do brasileiro e principalmente da mulher brasileira ainda é negado e quanto potencial criativo é desperdiçado. Interessante perceber como tal questão é pessoal e também social e como o resgate do Feminino e de nossas origens mostra-se urgente.

Personalismo e espaço laico não neutro
Prof. Ms. Daniel da Costa
O mito da “neutralidade” científica, contestado desde meados do século XIX pelos próprios filósofos da ciência, ainda assim permanece como que velado nos discursos da chamada “crítica social” contemporânea. Assim, em busca da “essência” do constituinte de um espaço comum de todos dentro dos limites de uma experiência também comum de existência finita – espaço temporal –, quer dizer, incontornavelmente engajado, Emmanuel Mounier e o movimento personalista de Esprit vão propor um espaço laico não-neutro. Quer dizer, voltado e em vista da realização das prerrogativas da pessoa humana concreta – em vista de suas diversas “manifestações”. Para o personalismo de Emmanuel Mounier, só a “pessoa” gera uma real “analiticidade profícua”, fora do que propõe a lógica (neo)liberal que tem se mantido em extensão político-social desde Kant; só ela é o único “por quem e para quem” o espaço laico existe e, portanto, pode tomar o seu verdadeiro sentido.

Do Teocentrismo ao Antropocentrismo - A transição da representação imagética na Europa dos Séculos XIV, XV e XVI
Prof. Ms. Ana da Cunha

A presente proposta visa demonstrar as principais transições da representação imagética européia nos séculos XIV, XV e XVI. Com o fim da Idade Média cristã o surgimento dos momentos culturais Renascimento e Reforma Protestante, de caráter artístico e religioso respectivamente, acarretou em importantes mudanças no modo de representação pictórica. A transição de uma concepção de mundo fundamentada na religiosidade para uma sociedade alicerçada no pensamento racional abalou os moldes medievais de construção da arte que transpôs o fazer artístico do sagrado para o profano. Essa passagem foi responsável pela mercantilização da arte bem como pela concepção artística que alimentamos até a contemporaneidade.


O Sagrado e o Profano nas guerras da atualidade
Prof. Moema Maresti Lima

Atualmente, nosso mundo e nossas vidas vêm sendo moldados pelas tendências conflitantes da globalização e da constituição de uma identidade do homem moderno. As transformações promovidas pelas novas circunstâncias e referências econômicas e políticas, ainda que admiráveis, proporciona um mundo novo no qual a organização social modifica-se no tempo e espaço produzidos na historicidade humana. Essas novas relações e referências transpõem de múltiplas formas em todos os níveis da sociedade, abalando instituições, transformando culturas, criando riqueza e pobreza, incitando a esperança e, ao mesmo tempo, impondo poder e instilando desespero.

A relação conflitante entre a poesia moderna e pós-moderna
Prof. José Moraes Barbosa

A desdefinição, a desreferencialização, a despadronização, a desestetização entre muitos outros des reconfiguram o contexto fragmentado de inseguranças e incertezas do mundo contemporâneo contrapondo-se à perspectiva de prosperidade redentora da modernidade sólida. Sendo assim, a poesia enquanto expressão da linguagem transita nos paradoxos do moderno e do pós-moderno como instrumento de provocação reflexiva e subversiva acelerando as contradições icônicas dos seus mitos e desafios na busca de respostas lúdicas e poéticas diante do estado angustiante da vida presente.

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